Em uma data indeterminada, do ano de 1844, no interior do estado do Rio
Grande do Norte, na área que hoje corresponde à cidade de Patu, no sítio
Tuiuiú, nascia Jesuíno Alves de Melo Calado, vulgo Jesuíno Brilhante, aquele
que viria ser conhecido como o cangaceiro romântico, o “Robinwood” do sertão ou
o primeiro cangaceiro do sertão brasileiro. Adveio de uma família aristocrata
rural sertaneja, virando bandoleiro no ano de 1871 em virtude de um fato
ocorrido com seu irmão – levou uma surra no meio da rua, da cidade de Patu/RN,
e acusado, inocentemente, segundo alguns, de roubo de uma cabra – o motivando a
buscar justiça em nome da família.
Muito diferente daquela filosofia do cangaço do século passado em que os
cangaceiros roubavam e matavam para demonstrarem o poder e o terror, Jesuíno
Brilhante era descrito pelos seus próximos como um homem gentil, que era
querido e respeitado pela população patuense.
Em suas ações, buscava saquear combios e mercadorias enviadas do governo
aos coronéis que comandavam o sertão (mercadorias essas que eram desviadas
enquanto a população morria de fome em plena seca) e oprimiam as classes mais
pobres do sertão. Jesuíno empenhava a sua luta em virtude de um bem social e
comum, sem um retorno propriamente dito para o cangaceiro.
A cultura do cangaço, que surgira como um movimento social de combate à
pobreza e à fome, tornara-se visto como uma ideologia bandida na visão dos
coronéis, e também muito em virtude das atuações posteriores de Lampião.
Jesuíno Brilhante foi responsável pela criação de algo que viria a ser
um Estado paralelo sertanejo entre os anos de 1871 e 1879, quando os
governantes temiam-no, juntamente com o seu bando.
O patuense, por ter nascido em uma família aristocrata, tivera uma boa
educação em comparação as demais pessoas, mas sempre buscou aprender coisas do
seu dia a dia com os homens do campo e sertanejos. Em suas ações, buscava
sempre paracer um homem comum, não propagando uma imagem de autoridade moral,
mas de um entre tantos oprimidos no nordeste brasileiro.
A morte de Jesuíno Brilhante foi algo heroico, digno de registros de
cinema. O desfecho ocorreu em dezembro de 1879, em uma emboscada, na cidade de
Belém do Brejo do Cruz, Paraíba, quando vinha sendo perseguido pela polícia e
fora alvejado, de surpresa, por dois tiros na região do abdômen, disparados
pelo seu algoz, Preto Limão.
Seus restos mortais foram enviados para a cidade de Mossoró/RN para
exames feitos pelo médico Francisco Pinheiro de Almeida, com o intuito de
realizar uma exposição no Colégio Diocesano de Mossoró. Posteriormente, seus
restos mortais foram levados para o Rio de Janeiro, e por anos permaneceu no
museu do alienista Juliano Moreira. Mais tarde, os restos mortais seriam
removidos para um local desconhecido, ficando sem paradeiro até os dias de
hoje.
Atualmente, a memória de Jesuíno Brilhante permanece viva na literatura
nacional, nas artes, cinemas e novelas. Trata-se de uma figura que é descrita
como um bandido por alguns, e por outros como um herói justiceiro do/no sertão.
A história o marcará para sempre.
TRIBUNA DO NORTE